Ele destaca os efeitos da paralisação para a população que precisa usar o transporte público neste momento de crise sanitária. "Essa questão de aglomeração, principalmente, é complicado com essa greve devido à pandemia. Com menos trens pra ir e voltar, vai ter muito mais gente nos trens. Querendo ou não, funcionando normalmente, já tem uma aglomeração grande, com trens lotados. Isso poderia ser melhor pensado", opina Ezequiel.O garçom Max Lenno Fernandes de Andrade, 31, foi para a Estação Taguatinga Centro, sem saber da redução da frota em 60%. Mesmo de folga do trabalho, ele precisou usar o transporte público para resolver um problema de cadastro do cartão de passagem, em um posto de atendimento do Banco de Brasília (BRB), na L2 Sul.
"É complicado passar por essa situação porque atrapalha o transporte em tempos de pandemia. Tanto no ônibus quanto no metrô, os veículos vão ficar superlotados, e isso vai atrapalhar o combate ao vírus, o que vai trazer mais transtorno para governo e população. Poderiam negociar mais um tempo antes de ter a paralisação", opina Max.
Para ele, manter o funcionamento normal do metrô é uma questão de bom senso com os usuários. "Estamos vendo pessoas morrendo e, mesmo assim, decidiram a greve de madrugada, sem avisar direito a situação. E não tem como a gente usar carro com frequência. Para que eu vou gastar R$ 40 de gasolina para ir ao meu trabalho, na Asa Sul, sendo que posso pegar metrô", contesta o morador de Ceilândia.
Funcionários do sistema metroviário do Distrito Federal haviam anunciado a greve por tempo indeterminado a partir da última sexta-feira (16/4). Decisão foi pleiteada em assembleia virtual no último domingo (11/4), que analisou as tratativas de negociação com a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF). De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários (Sindmetrô), não houve avanço e a categoria decidiu por decretar a paralisação.
Na madrugada desta segunda (19/4), a greve foi anunciada por tempo indeterminado. A ação foi tomada após longa assembleia que havia começado ainda no início da noite de domingo (18/4). Foram mais de 150 votos favoráveis pela greve, 22 pelo cancelamento e um pelo adiamento do ato.
Em nota, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) informou que a greve dos funcionários do Metrô-DF não trará alterações ao tráfego de veículos nas faixas exclusivas das vias W3 Sul, W3 Norte, Setor Policial Sul e Eixo Monumental. "As faixas permanecem exclusivas para ônibus e facultativa para táxis e veículos do transporte escolar", esclarece.